Posted by : Unknown quarta-feira, 1 de junho de 2016

Vem chegando ai dia 30 de junho de 2016 que foi reservado como "Dia do Asteroide". O dia marca o aniversário do maior impacto na historia recente o "Evento de Tunguska" em 1908 na Sibéria.
Esse dia é dedicado a aprender sobre asteroides e como proteger o planeta de possíveis novos impactos.



Aproveitando a oportunidade vamos discutir um pouco sobre asteroides.
O termo "asteroide" deriva do grego "aster", estrela e "oide", sufixo que denota semelhança. Pode-se dizer que a definição de asteroides é a exclusão de todas as outras possibilidades, olhando-se para as novas definições da IAU(União Astronômica Internacional). O que o tira de cara da definição de planeta ou planeta anão é a ausência de equilíbrio hidrostático (sua massa não é suficiente para sua gravidade superar sua rigidez interna formando um elipsoide ou uma esfera, ou seja ele tem a forma de um pedregulho), ele não pode ser um meteoroide que tem a dimensão de grão de  areia ou pedras, não pode estar orbitando outro corpo do sistema solar que não o Sol e por fim não apresenta atividade cometária.

Para uma boa compreensão de como estão os asteroides no nosso sistema vamos mapear brevemente as áreas onde se encontram os asteroides.


Começando pelo cinturão principal de asteroide onde está localizado uma grande quantidade de asteroides, ela esta entre as órbitas de Marte e Júpiter e faz a divisão do sistema Solar. Chamamos a região que contem a estrela, os planetas terrestres e o cinturão principal de Sistema Solar interno. Pra fora do cinturão principal, ou seja a partir de Júpiter é chamado de Sistema Solar externo.

Uma configuração interessante é dos Troianos que são asteroides que se movimentam ao longo da órbita de Júpiter ao redor de áreas estáveis (pontos de equilíbrio L4 e L5(Na realidade qualquer livro de mecânica clássica que trate do problema circular restrito de três corpos fala sobre os pontos lagrangianos))  que são causadas pela interação gravitacional do Sol e de Júpiter e é uma área grande devido à grande massa de Júpiter.

Outra configuração dos asteroides relacionada à grande massa de Júpiter são os Hildas que estão em ressonância orbital 2:3 com Júpiter.

Fora o do Sistema Solar Interno, uma região interessante é a região do TNOs(Trans-Neptunian object) que fica depois da órbita de Netuno. Um desses objetos à que nomeamos TNO é Plutão, bem como outros planetas anões, asteroides, cometas e outros corpos. O interessante dessa região é que acredita-se que os TNOs podem conter informações sobre a estrutura primordial do sistema Solar.

Por fim os NEOs( Near-Earth Objects) são asteroides e cometas com órbitas próximas à Terra. Nesta LISTA seguem as aproximações desses corpos, e novos têm sido TNOs descobertos. Esses objetos são muito estudados pois devido à proximidade podem representar risco à Terra ou oportunidades de pesquisa. Por exemplo o asteroide 25143 Itokawa, um asteroide de dimensões aproximadas 540mx270mx210m, foi o primeiro alvo de uma missão que tinha como objetivo visitar e retornar à Terra a "Hayabusa" (Falcão Peregrino) . A Hayabusa foi uma sonda japonesa que apesar de alguns imprevistos conseguiu completar a missão chegando a tocar a superfície do asteroide Itokawa para capturar partes do asteroide para trazer à Terra, essa manobra deu o nome à sonda devido à semelhança com o movimento de captura do Falcão Peregrino.

Outra missão ligada aos NEAs (nome dado à asteroides que são NEO) que parece até ficção cientifica é a ARM. Esta missão pretende lançar sondas capazes de redirecionar pequenos asteroides para órbitas estáveis ao redor da Lua, dessa forma astronautas poderão acessar o asteroide e retornar com amostras para análise.
Essa missão faz parte do projeto da Nasa para levar o homem à Marte. De certa forma a ARM fará uma espécie de mineração e além do tamanho, algo importante a ser considerado é a classificação espectral do asteroide para saber qual material será encontrado nesse asteroide.

Hoje a atenção dada aos asteroides é bem maior e muitas coisas tem sido descobertas graças aos avanços tecnológicos e missões.

Primeiro o imageamento através de radar e curva de luz. Graças à processos como estes podemos ter modelos da forma do asteroide e trabalhar com suas dimensões. (O gif que aparece no inicio da postagem foi feito usando esses dados).

Também conseguimos ter noção de tamanho, por exemplo o 216 kleopatra (primeiro asteroide do gif) tem mais de 200 km em sua dimensão maior, já o 1998 ky26 tem aproximadamente 13 metros de raio volumétrico.

Outra coisa descoberta há relativamente pouco tempo foi que asteroides podem ter satélites. Durante uma manobra orbital da sonda Galileo sobre o asteroide 243 Ida em 1993, imagens tiradas revelaram a existência de um satélite orbitando aquele asteroide, era Dactyl.
Asteroide 243 Ida e seu satélite Dactyl
 Outras asteroides com satélites já foram descobertos bem como sistemas binários e até sistemas triplos.

Falando em sistema triplo vale a pena falar da Missão Aster (Pretendo publicar sobre esse projeto aqui na página mais pra frente). Esse projeto Brasileiro nascido como uma parceria entre o INPE e a UNESP e que hoje tem a participação de muitas outras universidades brasileiras, tem como objetivo visitar o sistema triplo 153591 2001SN263 com uma sonda criada em cima de uma plataforma russa embarcada por tecnologias desenvolvidas em solo nacional. Se obtiver sucesso a missão pode vir a ser a primeira a visitar um sistema desse tipo.
Imagem de radar do sistema triplo 153591 2001 SN263 tirada do Observatório de de Arecibo/Universidade de Cornell/NSF
Além de satélites, uma outra estrutura ainda mais curiosa(principalmente porque essa estrutura é encontrada nos Gigantes Gasosos) foi encontrada em asteroide, anéis. A descoberta é de Brasileiros com a colaboração de vários outros países. Foram descobertos dois anéis no asteroide 10199 Chariklo que foram nomeados de oiapoque e chuí. Essa descoberta é de alta relevância e abre uma gama de possibilidades para corpos como este.

Representação Artística de
153591 2001 SN263 e seus anéis




Asteroides são corpos fantásticos capazes de nos dar informações valiosas sobre a nossa vizinhança, capazes de nos trazer riquezas e também de acabar com a vida na Terra. Seja qual for o motivo saber sobre eles é necessário e motivador.

Espero que tenham gostado um pouco das informações pinceladas aqui e que sejam capazes de olhar de forma diferente para esses "Pedaços de Pedra que voam" tão singulares. 

obs.: As principais referências estão linkadas no meio do texto.


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